Planejamento urbano pode combater o sedentarismo
A falta de atividade física é a quarta causa de mortes no mundo
Qual seria a melhor campanha para garantir a saúde da população? De vacinação, alimentação de qualidade, contra o fumo? Todas são importantes, mas o escritor Peter Walker afirma que o planejamento urbano é fundamental para resolver a equação. O motivo: as cidades têm que repensadas para estimular a atividade física, já que o sedentarismo é, atualmente, a quarta causa de mortes no mundo.
Mesmo reconhecendo que, com frequência, é difícil vencer a inércia, não se pode afirmar que não se exercitar é uma escolha pessoal. Se as cidades fossem mais convidativas, talvez o cenário fosse outro. Essa é a tese de Walker, que é comentarista político e ciclista, em seu livro recém-lançado: “The miracle pill: why a sedentary world is getting it all wrong” (em tradução livre, “A pílula milagrosa: por que um mundo sedentário está entendendo tudo errado”).
Ele diz que cerca de 1.5 bilhão de pessoas no planeta estão pondo em risco sua saúde a longo prazo. Todo ano, estima-se que 5.3 milhões morram por questões relacionadas ao estilo de vida sedentário – o equivalente à população da Noruega. No Reino Unido, 80% das crianças se exercitam tão pouco que há um risco grande de terem comprometimento do sistema cardiovascular, ossos frágeis e outras doenças crônicas.
Há mais estatísticas no livro, mas a intenção não é fazer com que ninguém se sinta culpado. Seu objetivo é o oposto: mostrar que tais padrões podem ser quebrados e que nunca é tarde para começar a se movimentar. Principalmente, é necessário cobrar do poder público políticas urbanas que estimulem a atividade física. O título dá o mapa da mina: a pílula milagrosa se refere a uma pesquisa realizada na Dinamarca que acompanhou 30 mil pessoas ao longo de 15 anos. Aquelas que pedalavam indo e vindo do trabalho apresentaram 40% a menos de chances de morrer no período no estudo.
No mundo inteiro, houve um enorme declínio na movimentação natural, que foi sendo removida das nossas vidas – do controle remoto dos aparelhos de TV aos comandos elétricos dos carros, das escadas rolantes ao trabalho em regime de home office. As políticas públicas municipais deveriam apostar em cidades com menos carros e mais ruas de pedestres e ciclovias; em mais parques e áreas de lazer dotadas de equipamentos – e, claro, em segurança para esses locais. Superar a inércia não seria tão complicado.
Foto: Pasja1000 para Pixabay
Fonte: G1
Comente esta notícia